Trabalhar mais horas do que é recomendado, fazê-lo pela noite dentro e comprometendo o horário de sono noturno vai ter impacto na produtividade laboral, mas não só.

A privação de sono, além das consequências na saúde de cada um, tem impactos económicos muito altos: perto de US$ 680 mil milhões em cinco países da OCDE, como relata a McKinsey, cerca de US$ 400 mil milhões nos EUA e US$ 60 mil milhões na Alemanha.

Outros estudos referem também que a falta de sono tem um custo equivalente a 1% do PIB na Austrália, leva à perda 10 milhões de horas de trabalho por ano nos Estados Unidos, 4,8 milhões no Japão e 1,7 milhões na Alemanha.

Custos na produtividade

Naturalmente, que noites mal dormidas têm impacto na produtividade. Uma análise a dados de empresas americanas estima o custo anual de US$ 1.300 a US$ 3.000 por funcionário.

E a perda de sono não prejudica apenas o desempenho dos colaboradores, já que aumenta também os custos de saúde para os empregadores. Alzheimer, ansiedade, demência, depressão, hipertensão e diabetes tipo 2 fazem parte da longa lista de patologias associadas à perda de sono profundo. A estas junta-se o impacto na função cognitiva, na capacidade de atenção e de tomada de decisão.

O artigo sobre o custo organizacional do sono insuficiente, refere pesquisa sobre como cérebros privados de sono perdem a capacidade de avaliação e de tomada de decisão. E, apesar, de os líderes empresariais assumirem a necessidade de haver programas corporativos do sono, que ensinem e promovam a importância do sono junto de líderes, continuam a afirmar que não precisam de dormir ou que podem funcionar com poucas horas de sono.

Um sono insuficiente, explicam no mesmo artigo, afeta o desempenho dos executivos, nomeadamente, na forma como executam a posição de liderança, que têm impacto no desempenho financeiro da organização.

A explicação da ciência

No cérebro o neocórtex (a última parte a desenvolver-se) é responsável por funções como perceção sensorial, comandos motores e linguagem. A parte frontal do neocórtex (córtex pré-frontal) dirige o chamado de funcionamento executivo, onde estão incluídos todos os processos cognitivos de ordem superior, como resolução de problemas, raciocínio, organização, inibição, planeamento e execução de planos.

Claro que, em posições de liderança (e não só), é necessário garantir que várias destas “habilidades” estejam asseguradas. E a verdade é que o córtex pré-frontal não está preparado para funcionar com poucas horas de sono, logo a capacidade de liderança fica afetada.

Uma outra pesquisa da mesma consultora destacou uma forte correlação entre o desempenho da liderança e a saúde organizacional – um forte indicador de resultados financeiros saudáveis. Numa análise, que envolveu 81 organizações e 189 mil pessoas, em todo o mundo, percebeu-se que há que quatro tipos de comportamento de liderança comumente associados a equipas executivas de alta qualidade: a capacidade de operar com uma forte orientação para resultados, para resolver problemas de forma eficaz, buscar perspetivas diferentes e apoiar outras pessoas. “O que é surpreendente, em todos os quatro casos, é a ligação comprovada entre sono e liderança eficaz”, referem.

Foi com base neste conhecimento, por saber que o sono é um dos principais motivos para uma produtividade baixa e contribui também para o absentismo laboral, mas também pelo interesse crescente por parte de algumas empresas, que a Associação Nuvem Vitória desenvolveu um Programa Corporativo de Sono, uma formação para colaboradores que promove o descanso das equipas.