Acordar muito cedo, ou trabalhar até muito tarde, pode prejudicar a qualidade do sono e interferir com um ato muito importante para o nosso cérebro: sonhar!

Durante o sono, o Sistema Nervoso Central é palco de uma intensa atividade e, embora possamos não nos lembrar, todos sonhamos – sonhar é uma característica universal e fisiológica. Sonhamos cerca de 4 a 5 vezes por noite, com durações de 5 a 30 minutos. Independentemente das várias correntes da psicanálise e outras de cariz religioso ou místico; do ponto de vista cognitivo, o ato de sonhar pode colaborar na consolidação da aprendizagem e da memória.

Os sonhos acontecem na fase Rapid Eye Movement, ou REM. Os olhos movem-se rapidamente, indicando uma atitude cerebral intensa e parecida com a que temos acordados. Ocorre normalmente nos primeiros 90 minutos de uma noite de sono e dura cerca de 10 minutos. Durante o sono, entramos e saímos de fases REM , sendo que o tempo dos sonhos vai aumentando.

Qual a explicação para não nos lembrarmos dos sonhos?

“Quanto mais confusos são os sonhos, mais difícil é para nós retê-los. Sonhos que têm uma estrutura mais clara são muito mais fáceis de lembrar, afirmou Deirdre Barrett, professora de Psicologia da Universidade Harvard,

Há também uma explicação química: durante o sono profundo, os níveis de noradrenalina – componente químico crucial para garantir que as imagens dos sonhos sejam retidas – são naturalmente mais baixos durante o sono profundo. Acordar em sobressalto, com o despertador, provoca um pico nos níveis de noradrenalina – e, consequentemente, dificulta a retenção dos sonhos.

E ainda outra, apresentada por pesquisadores japoneses, relacionada com a genética, mais especificamente pelos genes Chrm1 – fragmenta o período do sono REM; e Chrm3 – diminui o tempo do NREM. Eles são responsáveis por codificar a acetilcolina, neurotransmissor (mensageiros químicos que transportam, estimulam e equilibram os sinais entre os neurónios, ou células nervosas e outras células do corpo) relacionado com a memória que atua durante o sono REM.

O que acontece quando não sonhamos?

Um estudo levado a cabo por investigadores da Universidade da Malásia, realizado em 2017, usou nicotina para suprimir o sonho de metade dos ratos analisados. A outra metade recebeu um placebo. Quando os ratos tiveram de passar por um labirinto, aqueles com menos fases REM revelavam maiores dificuldades cognitivas. A capacidade de locomoção permaneceu a mesma.

Não dormir o suficiente e “saltar” etapas do ciclo do sono, não permite consolidar os conhecimentos e lembrar-se deles da mesma forma que alguém que tem um sono regular.