Dormir faz bem, dormir é bom para a memória, dormir ajuda a uma vida saudável. Até aqui não há dúvidas sobre o sono, mas um estudo recente, publicado no Sleep Health Journal, mostra que há ainda muitas ideias pré-concebidas à volta deste tema.
O estudo analisou mais de 8 mil fontes online e encontrou os mitos mais comuns, quando se fala de sono:

  1. Cinco horas de sono (ou menos) são suficientes

Questionadas sobre “Quantas horas precisa dormir para estar capaz de funcionar, não ficar doente, ser mentalmente forte e ter o estilo de vida que gostaria?”, muitas pessoas afirmaram que menos do que cinco horas era suficiente.
Este é provavelmente um dos mitos mais preocupantes, uma vez que, dependendo da idade, precisamos entre sete a dez horas de sono por noite.
Isto porque a privação do sono – que afeta 45% da população mundial – está relacionada com pressão alta, sistema imunológico enfraquecido, ganho de peso, alterações na libido, oscilações de humor, paranoia, depressão e um risco maior de diabetes, acidentes vasculares cerebrais, demência e alguns tipos de cancro.

  1. É saudável dormir em qualquer lado

Quantas vezes já ouviu pessoas a gabarem-se que não têm problemas com o sono, que adormecem em qualquer lado sem problema nenhum? A verdade é que adormecer assim que se senta num sofá ou numa viagem de comboio, enfim, adormecer facilmente é sinal de uma pessoa cansada e de que não está a dormir o suficiente.
A sonolência é causada pelo acumular de uma substância química chamada adenosina, que acontece ao longo do dia. Quando dormimos os níveis dessa substância descem drasticamente, mas ao dormir pouco estamos a fazer com que os níveis de adenosina continuem a aumentar: é a chamada dívida de sono.

  1. O corpo pode ser treinado para funcionar com menos horas de sono

O estudo revelou também que as pessoas acreditam que o cérebro e o corpo poderiam adaptar-se e aprender a funcionar com menos sono. Esta ideia não passa de um mito, uma vez que o corpo precisa de passar pelas quatro fases do sono para se restaurar completamente.
E uma boa noite de sono implica que o ciclo de sono se repita várias vezes por noite.

  1. Roncar é inofensivo

Roncos barulhentos interrompidos por curtas suspensões da respiração são características da apneia do sono, um distúrbio que provoca cansaço extremos, já que os pacientes acordam várias vezes por noite.
A apneia está também associada ao aumento do risco de ataque cardíaco, asma, pressão arterial alta, glaucoma, cancro, diabetes, entre outras patologias.

  1. Álcool ajuda a dormir

O álcool até pode fazer com que durma mais rapidamente, mas não há outro beneficio associado, uma vez que o álcool mantém o sono nas fases mais leves, o que reduz drasticamente a qualidade do descanso nessa noite.

  1. Não consegue adormecer, fique na cama até conseguir

Mais um mito! Especialistas defendem que estar na cama mais de 15 minutos a tentar adormecer não é a melhor escolha, isto porque ficar na cama sem dormir faz com que associemos aquele espaço à insónia.
Se ao fim de 15 minutos não conseguir adormecer, o mais acertado é mudar de ambiente, mantendo as luzes suaves.

  1. É indiferente a hora do dia em que dormimos

É aconselhável que qualquer pessoa mantenha um horário de sono regular, uma vez que este influencia o relógio biológico, que controla os níveis hormonais, a temperatura corporal e até o apetite e a digestão.
Os trabalhadores por turnos, por exemplo, que fazem jornadas de trabalho em horários incomuns e não vivem em sincronia com o relógio biológico, têm um risco acrescido para desenvolverem doenças cardíacas, úlceras, depressão, obesidade e certos tipos de cancro, bem como uma maior taxa de acidentes de trabalho e lesões devido a uma capacidade de reação mais lenta e má tomada de decisão.

  1. Ver televisão na cama ajuda a relaxar

São provavelmente dos erros mais comuns, verificar o telemóvel, terminar um e-mail no portátil, espreitar cinco minutos da série no tablet ou ligar a televisão para adormecer. A luz azul que os aparelhos eletrónicos emitem afeta o ritmo circadiano, já que a luz suprime a produção de melatonina, a hormona que regula o ritmo circadiano.
Utilizar um destes aparelhos duas horas antes de dormir pode fazer com que seja mais difícil adormecer.

  1. Adiar o alarme (só mais cinco minutos)

Nos telemóveis, os botões de “snooze” estão programados para durarem cerca de nove minutos, um tempo que não permite completar um ciclo de sono. E esse sono além de ser muito leve é de baixa qualidade.
O ideal é que o alarme (neste caso o telemóvel) fique longe da cama, para que seja obrigado a levantar-se para o desligar.

  1. Lembrar-se do que sonhou é um bom sinal

Lamentamos, mas é mais um mito! É provável que numa noite sonhe quatro ou cinco vezes e simplesmente não se lembre porque não despertou.
Um estudo francês verificou que as pessoas que se lembram frequentemente dos sonhos que tiveram têm registos de maior atividade cerebral no centro de processamento de informações. Além disso acordavam mais vezes por noite e eram mais suscetíveis a sons enquanto dormiam.