Mais de 750 mil portugueses trabalham por turnos, número que tem vindo a aumentar, segundo os dados mais recentes do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística. Entre esses trabalhadores, mais de dois milhões estão no emprego aos fins de semana e perto de 500 mil em horário noturno.

Trabalhar à noite, em turnos rotativos ou em plantão são atividades que estão relacionadas com problemas de saúde, nomeadamente, uma condição conhecida por Distúrbio do Sono no Trabalho por Turnos (DSTT). O DSTT afeta o ritmo circadiano, conhecido como “relógio biológico”, que controla a duração e a qualidade do sono, o estado de alerta, a produção hormonal, a temperatura corporal e a função dos órgãos.

Sintomas do Distúrbio do Sono no Trabalho por Turnos incluem insónia, sonolência excessiva, fadiga, dores de cabeça e dificuldades de concentração. Este distúrbio, considerado um fator de risco para acidentes, pode levar a patologias mais sérias, como depressão e ansiedade.

Foto: JC Gellidon

“A alteração dos hábitos de vida, alimentares e de sono resultantes do trabalho por turnos aumenta o risco de obesidade, diabetes tipo II, doenças cardiovasculares, problemas digestivos e deficiência de vitamina D – se houver baixa exposição solar”, lê-se num artigo da Deco Proteste dedicado ao trabalho por turnos. A influência do sono nas escolhas alimentares é clara, se a isto juntarmos “comer fora de horas (…) é normal verificar-se um aumento de peso e alterações gastrointestinais”, refere a mesma publicação.

Algumas das pessoas que trabalham por turnos não vão ter problemas de sono, especialmente no caso de serem notívagas, que se sentem mais concentradas e enérgicas quando anoitece.
No entanto, é também importante referir que a maioria dos trabalhadores por turnos não dorme as horas recomendadas (7 a 9 horas por dia, em adultos saudáveis) e, por norma, trabalham mais horas por semana do que pessoas que não trabalham por turnos.
E mesmo no caso dos que não desenvolvem Distúrbio do Sono no Trabalho por Turnos, a extensas semanas de trabalho a par de poucas horas de descanso por dia, fazem com que o risco de acidentes no trabalho aumente.

Sabia que grávidas, menores de 16 anos e trabalhadores com doença crónica ou portador de deficiência estão dispensados do trabalho noturno?