Crianças que ouvem histórias de embalar resistem menos em ir dormir, esta é uma das conclusão de um estudo português, apresentado no World Sleep Congress 2019, em Vancouver no Canadá, que analisou o trabalho desenvolvido pela equipa de voluntários da Associação Nuvem Vitória – um projeto de promoção do sono que todos os dias (entre as 20h e as 22h) lê histórias para pacientes pediátricos (desde o nascimento até aos 21 anos).

Os resultados preliminares, numa amostra de pais/cuidadores, indicam que as crianças hospitalizadas, a quem foram lidas histórias de embalar, sentem-se felizes (46,7%) ou muito felizes (40%) após cada sessão de leitura.

Todos os pais e cuidadores inquiridos nesta análise consideraram estas ações benéficas, afirmando que foram úteis (33,3%) ou muito úteis (66,7%) para lidar com a hospitalização. Os principais motivos referidos foram: o momento de contar histórias acalma as crianças (26,7%) e aproxima as famílias das rotinas que habitualmente têm em casa (13,3%).

A psicóloga e especialista do sono, Teresa Rebelo Pinto, que coordenou o estudo, lembra que “a promoção de comportamentos saudáveis do sono é importante em todos os contextos, assumindo particular relevância no contexto hospitalar, já que a má qualidade do sono pode interferir na regulação do sistema imunitário, e consequente recuperação”. O estudo pretende ainda avaliar o impacto na mudança de atitude face ao sono dentro do hospital, relembrando todos os colaboradores da importância de baixar o nível de luminosidade e de ruído durante a noite. “Ao questionarmos os voluntários sobre como dormiam na noite em que vão contar histórias, ficámos a perceber que embora 59,5% se deite mais tarde que o habitual, 93,2% dos 206 voluntários que responderam ao inquérito sente que dorme melhor! Isto reforça a ideia de que o trabalho desenvolvido pela Associação Nuvem Vitória tem impacto nas crianças e famílias internadas, no staff hospitalar e nos próprios voluntários.”

“Quando começámos a contar histórias de embalar no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o projeto piloto que fizemos deu-nos logo um feedback muito importante sobre o impacto que a Associação Nuvem Vitória teria no sono destas crianças. Hoje, mais de 10.600 horas de voluntariado depois, já lemos mais de 34 mil histórias de embalar, estamos presentes em sete hospitais e contamos com mais de 500 voluntários formados como contadores de histórias”, revela Fernanda Freitas, Presidente da Associação Nuvem Vitória. “E não podemos esquecer que ao trabalhar junto das equipas de saúde acabamos por envolver toda a comunidade na adoção de procedimentos amigos do sono”, acrescenta.