Idosos que ficam sonolentos durante o dia ou adormecem durante longos períodos diurnos podem apresentar maior risco de ter algum tipo de tumor, diabetes e doenças cardiovasculares, entre outras patologias. A pesquisa é da Academia Americana de Neurologia.

O estudo envolveu 10.930 pessoas; 34% dos participantes tinham 65 anos ou mais. Na primeira entrevista, 23% das pessoas com mais de 65 anos preencheram os critérios para sonolência excessiva. Na segunda entrevista, 24% relataram sonolência diurna excessiva (SDE). Desses, 41% disseram que a sonolência era um problema crónico.

Os participantes que relataram sonolência na primeira entrevista, três anos depois, duplicaram o risco de desenvolver diabetes ou hipertensão e duas vezes mais probabilidades de desenvolver algum tipo de cancro, em relação aos que não experimentaram sonolência. Das 840 pessoas que relataram sonolência na primeira entrevista, 6,2%, desenvolveram diabetes. As pessoas que relataram sonolência diurna durante as duas entrevistas tiveram um risco 2,5 vezes maior de desenvolver doenças cardíacas.

Os dados, obtidos ao longo de três anos, vêm reforçar a necessidade de não desvalorizar alterações do sono na terceira idade – fase da vida que associamos a uma necessidade menor de horas de sono, mas esquecemos que a qualidade de sono noturno dos idosos é afetada por outras variáveis físicas, mentais e sociais.

A sonolência diurna excessiva (SDE) pode ter inúmeras causas. Para melhor compreendermos, à medida que envelhecemos, a “arquitetura do sono” sofre alterações:

  • maior duração das fases mais leves do sono e menos de sono profundo.
  • aumento a latência do sono (período de tempo necessário para adormecer)
  • declínio geral no sono REM e um aumento na fragmentação do sono (acordando durante a noite).
  • aumento dos distúrbios do sono (entre eles, apneia, narcolepsia, insónia), muitos deles relacionados com outras doenças (depressão, problemas respiratórios, demência, por exemplo) ou até com os medicamentos usados no seu tratamento.
  • mudanças no ritmo circadiano que ocorrem com o envelhecimento, contribuem para que os idosos se sintam mais sonolentos no início da noite e acordem mais cedo, relativamente a outras faixas etárias.

As relações fisiológicas e as alterações do sono continuam a ser estudadas e, na opinião do autor do estudo, Maurice M. Ohayon, neurologista da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, “os resultados sugerem que a sonolência diurna excessiva pode servir de alerta para prevenir doenças futuras”.

A melhor forma de tratar a SDE é tratar a sua causa subjacente procurando orientação médica.