Um estudo realizado e publicado recentemente (julho 2020), no Journal of Child Psychology and Psychiatry, revela que o sono noturno inadequado altera vários aspetos da saúde emocional das crianças.

A investigação é da autoria da professora de psicologia da Universidade de Houston e diretora do Centro de Sono e Ansiedade de Houston, Candice Alfano. Embora muitas pesquisas sobre o tema relacionem sono inadequado com problemas de saúde emocional, estudos experimentais em crianças são raros. Contrariando essa tendência, Alfano e sua equipa estudaram 53 crianças, entre os 7 e os 11 anos, durante mais de uma semana, com o intuito de melhor perceber a interferência do sono nas emoções das crianças.

 

Em que consistiu o estudo?


Foram realizadas duas avaliações: uma após uma noite de sono saudável e outra após duas noites em que o sono foi restringido durante várias horas. Essa avaliação decorreu numa sala específica, onde as crianças foram expostas a uma série de fotos e pequenos filmes. À medida que revelavam as suas emoções, positivas e negativas, os investigadores fizeram o registo imediato.

Além de classificações subjetivas da emoção (tristeza, alegria, repulsa, medo…), notaram alterações no ritmo cardíaco e respiratório (um índice não invasivo de regulação da emoção ligada ao coração) e expressões faciais objetivas.

Alfano refere a importância destes dados, pois “Estudos baseados em relatos subjetivos de emoção são extremamente importantes, mas não nos dizem muito sobre os mecanismos específicos pelos quais o sono insuficiente aumenta o risco de distúrbios psiquiátricos nas crianças”. A investigadora destaca as implicações das suas descobertas para entender como dormir mal pode “transbordar” para a vida social e emocional das crianças.

“A experiência e a expressão de emoções positivas são essenciais na construção e estabelecimento de interações sociais saudáveis. Com este estudo, podemos explicar por que as crianças que dormem menos, em média, têm mais problemas relacionados na sua socialização”, acrescentou a responsável pelo estudo.

Outra conclusão importante diz respeito ao impacto da diminuição das horas de sono noturno nas emoções, que não foi uniforme: as crianças que apresentam sintomas de ansiedade preexistentes, são as que registam as alterações mais acentuadas na resposta emocional após a restrição do sono. Segundo Alfano, estes resultados enfatizam a necessidade de avaliar e promover hábitos de sono saudáveis ​nas crianças, em particular, junto daquelas que apresentam maior vulnerabilidade emocional.

Leia aqui o artigo original.

 

Como melhorar o sono das crianças?