Estima-se que até 30% das pessoas tenham problemas com o sono, em alguma fase da vida. Estamos a falar de, por exemplo, 45 milhões de europeu e 70 milhões de americanos. E o problema pode estar no facto de os benefícios do sono não serem claros e de se viver numa cultura em que “dormir é perder tempo” e onde deixar de dormir para trabalhar mais é glorificado socialmente.

Ainda mais preocupante é não haver uma consciência global sobre os impactos que o deficit de sono desencadeia, pondo em risco a saúde física e mental. Aliás, só dormindo consegue ser a melhor versão de si mesmo – na esfera pessoal e profissional.

Porque dormir é tão importante para o cérebro?

É durante o sono que o cérebro elimina o que podemos chamar de “desperdício mental” – toxinas que acumulamos ao longo do dia e que podem prejudicar o funcionamento cognitivo a curto e alongo prazo. O cérebro precisa deste tempo de “reset” para dar espaço para outras memórias/experiências.

Além da memória, a eliminação desses resíduos é essencial para regular o humor, as emoções e até a líbido.

Por isso, a ideia de que dormir menos para trabalhar mais vai fazer com que seja mais produtivo é errada. É o mesmo que dizer que, numa viagem, não vai parar para abastecer o carro para chegar mais rápido ao destino (mesmo que o combustível acabe antes).

Quando não dorme o suficiente, fica mais propenso a esquecer-se coisas, ter dificuldades de concentração, em reter números ou factos. E isto vai acabar por ter um sério impacto no desempenho do seu trabalho, mesmo quando executa tarefas relativamente fáceis ou em “modo automático”, já que haverá uma quebra na produção.

Profissionais mentalmente saudáveis

A saúde mental dos colaboradores passa, determinantemente, por uma boa higiene do sono. Dormir pouco faz com que as pessoas estejam mais vulneráveis a reagirem agressivamente e ficarem mais ansiosas.

O que desencadeia isso? Durante o sono há uma reação química no cérebro essencial para regular o humor e as emoções, onde a melatonina é a principal responsável.

A melatonina dá o sinal ao corpo que é necessário ir descansar, mas se esse sinal é ignorado há repercussões. Esta hormona acaba por afetar uma zona do cérebro: a amígdala, que funciona como uma espécie de radar emocional. E aí reside a resposta ao facto de se sentir mal-humorado, facilmente irritável e impaciente.