Durante anos, os especialistas identificaram o ‘sono agitado’ como parte de outras condições do sono que podem causar distúrbios do sono ou despertares noturnos, como apneia obstrutiva do sono ou síndrome das pernas inquietas. No entanto, pesquisas recentes mostraram que o sono agitado também pode ser um distúrbio primário (Distúrbio do Sono Agitado – Restless Sleep Disorder), nem sempre associado a outra condição.

Foi a conclusão apresentada recentemente por um grupo de investigadores internacionais através da definição consensual de um conjunto de critérios de diagnóstico.

O sono adequado é importante para o crescimento, memória, saúde mental e física, interações sociais e muitas outras funções.

Lourdes DelRosso, uma das investigadoras que participou na definição dos critérios, afirma: “Nós, como médicos do sono, recomendamos e temos diretrizes sobre quanto sono uma pessoa deve dormir. Mas não precisamos apenas de uma quantidade adequada de sono. Também precisamos de sono de boa qualidade. Este é o principal significado do Distúrbio do Sono Agitado – identifica crianças com má qualidade de sono, movimentos frequentes durante o sono e sintomas diurnos decorrentes desse sono insatisfatório.”

A Síndrome das Pernas Inquietas, por exemplo, manifesta-se na hora de dormir com sintomas de desconforto nas pernas, mas as crianças com Distúrbio do Sono Agitado adormecem sem problemas e é só durante o sono que apresentam mais agitação – o que muitos pais chamam de “sono helicóptero”. Estes movimentos interferem na qualidade do sono e contribuem para os sintomas diurnos como fadiga, olheiras, incapacidade de concentração e sonolência. 

De acordo com DelRosso, a suplementação de ferro – oral ou IV – contribui para melhorar a qualidade do sono em crianças com este distúrbio.

O atual “critério de consenso para o diagnóstico” foi concluído em junho de 2020 e publicado na revista Sleep Medicine em agosto de 2020.