Há mudanças sem precedentes a acontecer a todo o momento, razão pela qual nem sempre é dada a atenção devida ao sono. Mas à medida em que esta nova rotina começa a fazer parte do dia-a-dia de cada um, e numa época em que permanecer saudável é prioritário, o sono aparece como um foco de enormes benefícios.

Como explica a Fundação Nacional do Sono Americana, “o sono é fundamental para a saúde física e o funcionamento eficaz do sistema imunitário. É também um dos principais promotores de bem-estar emocional e mental, ajudando a combater o stress, a depressão e a ansiedade.”

A mesma organização explica que “a pandemia do coronavírus não afeta todos da mesma forma. Obviamente, os pacientes infetados e os médicos na linha da frente sofrem os impactos diretos da doença.” Mas depois há uma série de alterações na vida das pessoas com as quais é preciso aprender a lidar, principalmente porque afetam o sono noturno.

Disrupção da vida diária

Distanciamento social, fecho das escolas, quarentena, trabalhar fora de casa: são motivos que trazem mudanças profundas às rotinas habituais das pessoas.

Estar confinado a casa, especialmente com pouca exposição solar, pode afetar o seu ritmo circadiano. Além disso, se o seu horário de trabalho foi reduzido (ou até suspenso) é provável que prolongue as manhãs na cama. E dormir demais também pode fazer com que se sinta sem foco e mais irritadiço durante o dia.

Ansiedade e preocupação

As preocupações são várias durante a pandemia da COVID-19. Naturalmente, muitas pessoas têm receio de serem contaminadas porque não querem adoecer ou com receio de infetar outras pessoas.

Além disso, preocupações económicas relacionadas com o desemprego, aliadas ao desconhecimento da evolução da doença, aumentam a ansiedade que, naturalmente, infere com o descanso noturno.

Depressão e isolamento

O contexto de isolamento e depressão pode ser particularmente crítico para pessoas com familiares infetados ou que têm falecido devido ao vírus. Viver o luto em isolamento social vai exacerbar sinais da depressão, que terá grande impacto no sono.

Mais stress familiar e profissional

Muitas famílias estão sob stresse grave como resultado do contexto de pandemia. Viagens canceladas, isolamento da família e de amigos, além da abundância de tempo em casa podem colocar pressão sobre qualquer pessoa.

Cumprir com as obrigações de trabalhar remotamente ou gerir uma casa cheia de crianças habituadas a frequentar a escola pode apresentar problemas reais, gerando stress e discórdia que criam constrangimento para dormir.

Excesso de tempo de ecrã

O distanciamento social pode significar um grande aumento no tempo que passa em frente ao ecrã, seja por estar a ver notícias no telemóvel, por participar de uma videochamada com a família, assistindo à série e filmes on demand ou por passar mais horas ao computador porque trabalha em casa.

Passar demasiado tempo em frente a ecrãs, especialmente no final da noite, pode ter um impacto prejudicial no sono. Além de poder haver uma estimulação do cérebro o que dificulta o relaxamento, a luz azul das telas pode suprimir a produção natural de melatonina, a hormona que o corpo produz para nos ajudar a dormir.

Fadiga devido ao stress

Dores de cabeça persistentes, lapsos de memória e problemas digestivos são consequências do stress crónico que pode surgir neste contexto de pandemia.

A fadiga associada ao stress é um efeito colateral comum, e mesmo que durma a quantidade adequada de sono durante a noite, a fadiga ainda pode fazer com que se sinta cansado e desmotivado no dia seguinte.