Já lhe aconteceu, a meio da noite, não precisar de confirmar no relógio, para saber que está a despertar sempre à mesma hora? É como se tivesse dentro do cérebro um alarme programado e a interromper o seu sono… A ciência deixa algumas explicações que desmistificam estas ocorrências. 

O sono da maioria das pessoas é pautado por vários despertares, mas tão ligeiros que não interferem com o sono. Normalmente, são momentos em que mudamos a posição corporal e continuamos a dormir.

“O adulto acorda, normalmente, entre sete a 15 vezes por noite”, refere Michael Perlis, diretor do Programa de Medicina do Sono Comportamental da Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia.

Esses momentos tendem a ser “amnésicos”, o que significa que uma pessoa geralmente não se lembra deles pois, como adianta Perlis, “coincidem com as transições de um estágio de sono para outro.”

Mas, como em todas as regras, há excepções. Os médicos usam o terno “insónia intermédia” para descrever os casos em que a meio da noite simplesmente acordamos e dificilmente conseguimos adormecer nos instantes seguintes… por vezes só algumas horas depois.

Os especialistas apontam várias causas:

  • Ansiedade

Se “preciso de dormir bem” é o seu mantra, o mais certo é que funcione ao contrário pois estará a criar expectativas e a “colocar” o seu cérebro em alerta máximo durante os períodos de vigília. Isto porque, após o primeiro ciclo da noite de sono profundo, um cérebro ansioso pode entender o que seria um despertar ligeiro como uma reação emocional do tipo “acorda!”. Como os estágios do sono costumam ocorrer em intervalos regulares, a excitação induzida pela ansiedade pode acontecer no mesmo horário todas as noites

  •  Álcool

Embora pequenas quantidades de álcool não sejam suficientes para interromper o sono, “por razões que os pesquisadores ainda não entenderam, a “libertação” de álcool da corrente sanguínea têm um efeito alerta e excitante” – acrescenta Timothy Roehrs, diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa e Distúrbios do Sono e do Henry Ford Health System, em Detroit.

  • Condições médicas

A doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é apontada por Perlis como uma condição que pode causar “insónia intermédia”.

A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é outra possibilidade. “Este é um distúrbio muito mais comum do que a maioria das pessoas imagina”, diz Michael Grandner, diretor do Programa de Pesquisa em Saúde e Sono da Faculdade de Medicina da Universidade do Arizona, em Tucson. 

Outros patologias, incluindo distúrbios da dor, podem acordar alguém no mesmo horário todas as noites devido à natureza previsível dos ciclos do sono.

“Os estágios de sono profundo e não REM tendem a ser mais longos no início da noite. Por isso, é comum uma pessoa conseguir dormir com os sintomas de uma doença durante as primeiras três a cinco horas da noite e depois acordar quando esse estágio inicial do sono profundo passar para um estágio REM mais leve.” explica Grandner

Um conselho que os especialistas deixam é não atribuir uma função à insónia, ou seja, não usar o tempo em que desperta para fazer uma atividade para a qual não teve tempo durante o dia. 

Como saber se a insónia intermédia é a causa ou a consequência do despertar noturno? 

De acordo com os especialistas, se identificar cinco ou mais despertares curtos a cada noite, a origem poderá estar numa patologia. Uma consulta com o seu médico esclarecerá.  

Se acordar uma vez ou mais por um longo período de tempo, é muito provável que a causa seja outra. Nestes casos, ajustar alguns hábitos e adoptar uma boa higiene do sono pode ser o suficiente para dormir melhor.

 

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